Das conversas com a minha mãe #1

 Aviso já que esta conversa me deixou k.o e ainda estou a tentar dirigir as perguntas e os comentários que a minha mãe fez. O diálogo iniciou-se e desenrolou-se mais ou menos assim:

Mãe: Estás uma mulherzinha filha.
Eu: Oh mãe lembraste-te disso sem mais nem menos?
Mãe: Não, simplesmente tenho-te visto a agir de forma diferente. Estou a gostar de ver.
Eu: Não estou a perceber mãe, fala-me disso.
Mãe: Andas mais aplicada na escola, tens estudado diáriamente. Ajudas cá em casa e tens evitado discussões. Muito bem.
Eu: Tudo aquilo que eu faço é com o intuito de voltar a ganhar a tua confiança e o teu orgulho e como é óbvio para me sentir bem comigo mesma.
Mãe: Eu tenho orgulho em ti querida.
Eu: Mas o pai...
Mãe: Mas o pai às vezes exalta-se um bocado. Para ele, mesmo que tenhas 17 anos continuas a ser uma criança. E irás ser sempre tratada como tal.
Eu: Não gosto disso. Ele às vezes magoa-me. Preferia que me desse um estalo do que dissesse algumas coisas que diz.
Mãe: Tais como?
Eu: Não te lembras mãe? Ele disse que não tinha orgulho em mim.
Mãe: Ele só disse isso para exigir mais de ti. Ele ama-te filha e orgulha-se de ti independentemente das tuas escolhas e atitudes.
Eu: Não me parece.
Mãe: Não acreditas em mim?
Eu: Claro que acredito, não acredito é...
Mãe: O pai às vezes tem formas complicadas de se expressar, e diz coisas que mais tarde se arrepende.
Eu: Pareces saber do que falas.
Mãe: Claro que sei. Já viste a quantidade de anos que estou casada com ele? (risos)
Filha, há uma coisa de que te quero falar.
Eu: Fala mãe.
Mãe: Se o teu pai tivesse esta conversa contigo aposto que não te sentirias à vontade devido aos conflitos que têm um com o outro. Por isso vou tê-la eu, porque sou tua mãe, tua amiga e porque se és mulher para umas coisas também terás de ser para outras.
Eu: Estás-me a assustar mãe.
Mãe: Calma, sempre falamos de tudo. Isso não tem de mudar.
Eu: Não mudou, mas não estou a entender onde queres chegar.
Mãe: Filha, namoraste durante algo tempo. Eu pergunto-me se ainda serás virgem.
Eu: Mãe, eu ..
Mãe: Pronto, já não precisas de dizer mais nada. O teu olhar diz tudo e não me tentes mentir, sabes que não consegues.
Eu: Não me deixaste abrir a boca sequer ...
Mãe: Arrependeste?
Eu: Sei que esta não é a resposta que esperas, mas... eu só me arrependo daquilo que não faço.
Mãe: Porque que não me contaste, filha?
Eu: Desculpa, tenho-te sentido um pouco distante... Não achei que estivesse na altura de te contar.
Mãe: Para uma mãe não existem alturas certas para saber que a filha não é virgem.
Eu: Oh mãe...
Mãe: Espero que tenham usado protecção. Já sabes das doenças que existem. As coisas não acontecem só aos outros.
Eu: Isto é surreal.
Mãe: Se tiveres dúvidas vem falar comigo.
Eu: Está beeem.
Mãe: Tens falado com ele?
Eu: Não.
Mãe: Mentira.
Eu: Sim tenho.
Mãe: Pois tens, os teus olhos não mentem. Vá lá que pelo menos isso não mudou, fico feliz por saber. Amo-te minha pequenina. Tem uma boa noite :)